Açucena
Uma opereta caiçara
“A minha pombinha branca
no baile passou voando
meu amor veio a janela
com um lenço branco acenando
pra ver a pombinha branca
que vinha balanceando”
Amanhece, a jovem que tem por volta dos 15 anos levanta preguiçosamente. Enquanto arruma a mesa e conversa com sua prima, ouve ao longe uma sonoridade conhecida. “São os foliões da bandeira do Divino!”, exclama a prima, que passa rapidamente a ajeitar a casa para receber a bandeira que entoa sua chegada: “Que hora imo chegando, nesse momento sagrado. Que hora imo chegando”. A cena, conhecida entre os moradores de diversas comunidades litorâneas, abre o espetáculo idealizado e dirigido por Aorélio Domingues em parceria com Mariana Zanette, na direção teatral, e Carla Zago, na direção musical.
Açucena, personagem que embala a moda fandangueira, dá nome a esta opereta popular que marca a estréia da Orquestra Rabecônica do Brasil. No palco a musicalidade, a fé e o modo de ser caiçara, contados a partir da história da jovem que sonha com um amor. Permeado por músicas da Folia do Divino Espírito Santo, Fandango, Boi de Mamão e Terço Cantado, Açucena traz pequenos fragmentos do cotidiano no litoral traduzidos também em imagens, fotografias e vídeos.
Em diversas modas do fandango, a natureza, os pássaros, o mar, a amizade, o amor e as relações familiares são temáticas recorrentes e que, neste espetáculo, saem dos versos para encarnar personagens e costurar com dramaturgia o repertório musical, que tem arranjos criados especialmente para a formação inédita da Orquestra Rabecônica. Marcas batidas e bailadas, chegadas e partidas cantadas na Folia do Divino, bem como as toadas do Boi de Mamão foram cuidadosamente trabalhadas pelos músicos Rodrigo Melo e Carla Zago, para que a sonoridade caiçara ganhasse outras cores.
Rabecas, rabeolas, violas, percussão, rabecão e rabecona são os instrumentos confeccionados artesanalmente ao longo de um ano pelas mãos de Aorélio Domingues, Dênis Carvalho Lang e Rodrigo Melo. O rabecão, instrumento com o formato da rabeca e semelhante a um contrabaixo acústico, guarda peculiaridades e marca a inovação proposta neste trabalho. A ideia de Aorélio Domingues é desta forma, colocar o Paraná, e a arte aqui produzida, no cenário cultural brasileiro.
O espetáculo terá sua estréia nos próximos dias 25, 26 e 27 de março, no Teatro Regina Vogue e 4 e 5 de abril no Canal da Música, este último inserido na programação do Festival de Teatro de Curitiba. Açucena trará aos palcos de Curitiba um pouco da cultura caiçara e todas as nuances dos sonhos transformados em arte.
Serviço:
Açucena é uma opereta popular que apresenta a cultura caiçara e seus personagens em diferentes expressões artísticas.
Quando e Onde: Dias 25, 26 às 21h e 27 de março, às 20 horas no Teatro Regina Vogue e 4 e 5 de abril, às 21h no Canal da Música ( na Amostra Fringe do FTC)
Quanto: R$ 8 e R$ 4
Mais informações: 8889-8395 (Aorélio Domingues) 9133-3278 (Janaina Moscal), 8450-0170 ( Mariana Zanette)
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